Acadêmico





Cadeira 3: Profa. Dra. Edith de Magalhães Fraenkel

Patrono: Profa. Dra. Edith de Magalhães Fraenkel

Acadêmico: Prof. Dr. Genival Fernandes de Freitas



Profa. Dra. Edith de Magalhães Fraenkel

Edith de Magalhães Fraenkel foi uma figura singular, tornando-se um exemplo de mulher que nasceu para trabalhar e realizar, sem receber quase nada em troca, a não ser o reconhecimento pelas alunas,  funcionários, amigas e por alguns colegas.

Nasceu em 9 de maio de 1889, no bairro de Santa Thereza, no Rio de Janeiro. Neta do Tenente Coronel Benjamin Constant Botelho de Magalhães, político, militar e professor brasileiro, Edith Fraenkel, pertencia a uma família culta e de destaque. Devido à carreira diplomática do pai, a família residiu mais de doze anos fora do país. Viveu sua infância na Alemanha, Suécia e Uruguai. Nestes países aprendeu o idioma local, além dos oficiais nas embaixadas, o francês e inglês.

Foi aluna exemplar na Escola de Enfermagem de Filadélfia, onde se diplomou em meados de 1925, sendo considerada a primeira enfermeira brasileira a se diplomar, enfrentando as barreiras familiares e da sociedade em geral, em razão da crença arraigada naquela época de que a Enfermagem não era uma profissão apropriada para uma moça bem-nascida.

Edith Fraenkel fundou e atuou como primeira diretora da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, deixando um imenso legado à Enfermagem em nível nacional e internacional. Contribuiu na fundação da Associação Brasileira de Enfermagem, em 1926, sendo sua presidente até 1938, conseguindo a filiação dessa entidade como membro do Conselho internacional de Enfermeiras - CIE em 1929, a primeira da América Latina. Idealizadora e incentivadora da revista Anaes de Enfermagem, atual Revista Brasileira de Enfermagem – REBEn, editada até o presente. Participou da liderança do movimento feminista no Brasil e lutou a favor do direito ao voto para as mulheres e contra a incapacidade civil da mulher casada; direitos estes conquistados a partir de 1934.

Graças às modernas inovações na programação do curso, a Escola de Enfermagem da USP tornou-se um divisor de águas entre o Sistema nightingaleano anterior e o desenvolvido nessa Escola. Realizou em 1947 o Primeiro Congresso Brasileiro de Enfermagem, nas dependências da EEUSP e esse evento continua a ser realizado anualmente desde então.

Em 1953, participou da organização do congresso internacional de Enfermagem, promovido pelo CIE, pela primeira vez no Hemisfério Sul e em país da América Latina.

Edith Fraenkel acreditava que a Escola deveria “ser o centro de irradiação para o ensino de Enfermagem, curso de graduação e de pós-graduação, não só no Brasil, mas também para a América do Sul”. Com a perspectiva futura da implantação de pós-graduação, solicitou bolsas de estudos nos Estados Unidos para quase todas as componentes do seu corpo docente em diferentes universidades norte-americanas, almejando não apenas o aperfeiçoamento dessas docentes como especialistas nas diversas áreas de atuação, mas sobretudo, o aprimoramento do currículo do curso de graduação, assim como, a formação de mestres e doutores em Enfermagem.

Aposentou em meados de 1955, retornando ao Rio de Janeiro, onde ainda trabalhou em uma escola de Enfermagem, em hospitais e na Associação Brasileira de Enfermagem. Afastou-se definitivamente de qualquer trabalho em 1968 e faleceu no dia 5 de abril de 1969.

Por tudo isso, Edith de Magalhães Fraenkel e seu significado para a Enfermagem, justificam a minha escolha, pela magnitude de realizações em benefício de toda a classe e pelo exercício da forte liderança profissional por tanto tempo, e seu legado que perdura até os dias de hoje.

Texto de Prof. Dr. Genival Fernandes de Freitas

 

 


Prof. Dr. Genival Fernandes de Freitas

Apresentar aos senhores e senhoras o Acadêmico Dr. Genival Fernandes de Freitas na Academia Brasileira de História da Enfermagem é trazer às terras paulistanas, especialmente a capital do estado de São Paulo, o legítimo reconhecimento da iniciativa pioneira de nossa instituição.  Digo isto, pois trata-se do seu nascedouro, quando agitou determinados grupos na Enfermagem Brasileira, em 2010, mas perseverante como somos, ela se mantém e vem se fortificando e florescendo, motivo que estamos aqui hoje.

Para tanto, Dr. Genival Fernandes de Freitas foi um dos protagonistas para chegarmos onde chegamos no tempo presente. Assim, afirmo que seja bendita e lúcida ousadia de nobre gesto que ele ajudou a plantar mais um marco na história desta profissão Enfermagem.

A data de hoje revigora de alegria no rito realizado pela ABRADHENF, especialmente no lócus embrionário – útero simbólico de seu desenvolvimento até a sua criação – onde as discussões, retóricas, eloquências e aspirações eram debatidas, trazendo a lembrança de nossa saudosa Dra. Vitória Secaf que muito contribuiu com suas palavras de zelo e atitudes para estarmos reunidos aqui.

A outorga do título de Acadêmico ao Dr. Genival Fernandes de Freitas, na ABRADHENF, é a confirmação no mês da primavera que florescemos, mediante aos critérios estabelecidos em bases regimentais.

Na atualidade temos 8 anos desde a criação da ABRADHENF. Número de significação infinita e o Dr. Genival Fernandes de Freitas será o nosso terceiro acadêmico a compor a cadeira escolhida por ele, denominada de Edith Magalhães Frankel – primeira diretora desta casa. Logo, sua missão na ABRADHENF será ornamentada pelo poder e prestígio em memória de sua patronesse na Enfermagem brasileira.

Recebe-lo em nossa ABRADHENF para compor o quadro de ACADÊMICO, trata-se de uma honra e falar sobre sua trajetória profissional e acadêmica seria redundante após a análise documental realizada pela comissão instituída. 

Apenas para ilustrar, Dr. Genival Fernandes de Freitas tem dupla titulação acadêmica – Enfermagem e Direito. Isto aponta que em seus estudos, no meu entendimento, o ethos e a ética do cuidado se fazem presentes de forma marcante, o que nos traz a reflexão central do equilibrio de duas áreas do saber em prol do zelo e desvelo com o ser humano. Contudo, nada disto surpreende, pois ele evidenciou na vida profissional e, na atualidade, no exercício do magistério superior - graduação, pós-graduação, extensão, participação atuante em simpósios e congressos no Brasil e no Exterior, o que ratifica a pessoa reta que ele é nas atitudes e condutas que nos engrandecem em recebe-lo na ABRADHENF, como o terceiro ACADÊMICO ao lado da Dra. Taka Oguisso e Dr. Osnir Claudiano da Silva Júnior.

Ademais, o significado do seu nome GENIVAL dado pelos seus pais, conscientes ou não, já apontava para uma pessoa de liderança, tendo por decodificação “nascido para governar”, "comandante de origem nobre", o que já apontava para os frutos que hoje, dentre tantos, mais uma vez se faz reconhecer em rito público pela ABRADHENF.

Em tempos difíceis que vivemos, recebe-lo como acadêmico é a possibilidade de investimento com o seu saber e posicionamentos éticos para avançarmos no campo da história da enfermagem e se não for possível, nos confortarmos com suas palavras polidas e dogmáticas na melhor direção, nem que seja para dizermos: pare e vamos aguardar o melhor momento para seguirmos em frente.

Isto se faz importante trazer a baila, pois para além da dupla formação acadêmica, não posso esquecer da sua trajetória de vida egressa religiosa. Segui-la ou não foi uma opção, mas o aprendizado acumulado é inegável e que tangencia no dito e não dito em momentos delicados que a vida nos impõe. Logo, trata-se de parceiro e amigo, bem como humanístico em suas relações interpessoais.

Por fim, em nome do corpo social da ABRADHENF, Dr. Genival Fernandes de Freitas seja bem-vindo na composição e posição de ACADÊMICO na instituição ao honrar-nos na envergadura da outorga da medalha de nossa ACADEMIA.

São Paulo, 31 de outubro de 2018.

Texto por Prof. Dr. Fernando Porto